segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vida

"Não resista à vida que está passando através de você, porque é Deus passando através de você." (Dom Miguel Ruiz; livro: Os Quatro Compromissos - O Livro da Filosofia Tolteca)

Eu tenho uma visão singular do que é viver. E minha visão colide de forma inconciliável com o "sonho" da sociedade. Entenda-se como "sonho", a idéia geral predominante de aceitação das coisas erradas que acontecem e as quais somos submetidos todos os dias. A nós é imposto aceitar como cordeiros a violência, a corrupção, o excesso de trabalho por pouca remuneração, as guerras por qualquer que seja o motivo, a falta de respeito pelo próximo, a falta de compaixão, as mentiras, a exploração exagerada da sexualidade pelos meios de massa, o excesso de egoísmo de alguns que prejudicam outros, a falta de amor-próprio que nos ensinam. Somos mutilados todos os dias por toddo esse mal. Sofremos tentativas e mais tentativas de lavagem cerebral imposta pelo sistema a todo momento. A humanidade está tão doente que a maioria acha que esse é o normal e não consegue enxergar por trás desse "sonho", desse véu de Maya que encobre a verdade.

Contudo, a maldade não faz parte da essência do ser humano. Ela é apenas uma imensa camada de sujeira da qual estamos cobertos e que se alimenta de mais maldade e infelicidade. Mas seu tamanho é tão grande, que é preciso muito esforço e muita força de vontade para se libertar dela. Mas por dentro, por dentro nós somos, bondade, nós somos o puro amor. A bondade sempre está dentro de cada ser humano e poderá ser vista no momento em que essa crosta de sujeira cair.

Mas como deixamos essa sujeira tomar conta de nós?

Por causa dos preconceitos, das conseqüências de algum trauma que passamos e do medo de rejeição, muitas pessoas são adestradas a se comportarem de determinada forma. Se fecham para o mundo, se tornam introvertidas, não buscam refletir sobre seus sentimentos com medo de sofrer. Vêem os fatos somente pelo seu ponto de vista, não pensando nas conseqüências que seus atos podem ter para terceiros com medo do que vão achar de si mesmos, tornando-se seus piores juízes. E quando alguém se torna um juiz implacável consigo mesmo, certamente também o será para com todos e tudo a sua volta.

Aí, essa pessoa, que se tornou um juiz implacável, começa a julgar, a criticar, a guardar rancor, e, por conseqüência, a tolher as pessoas com que se relaciona. Essa pessoa se torna alguém de convivência difícil, pois não tolera muitas coisas. Se torna uma pessoa irritada, pois não há paz dentro de si. Se torna uma pessoa ansiosa, pois quer compensar seu vazio interior, sua infelicidade, sua mágoa (muitas vezes inconsciente) com sensações vindas da matéria (como excesso de comida e consumo excessivo de bens materiais) ou sensações criadas artificialmente por substância que lhe ajudam a fugir da realidade. Também podem se tornar excessivamente egoístas e aprender a manipular mentes sentimentos, usar pessoas, iludir as demais com o fim de obter tudo aquilo que pensa que lhe fará feliz.

Nem todas as pessoas farão tudo isso ao mesmo tempo e nem todas que agem de pelo menos uma dessas formas o fazem de forma consciente. Quando não sabemos como lhidar com a tristeza, a frustração, a rejeição, podemos criar os mais complexos e variados mecanismos de defesa dentro de nós. Hoje eu penso que a maldade é nada mais que a pura ignorância do ser sobre si mesmo, sobre quem é e sobre o que sua vida representa no universo.

Não somos maus, somos apenas ignorantes. A ignorância é um caminho bem mais fácil do que o conhecimento, principalmente sobre o conhecimento mais complexos de todos: o conhecimento de si mesmo.

Então eu vou simplificar para quem ainda não entendeu: nós somos a vida que existe aqui e agora. Nós somos o que quisermos ser, pois nós podemos ser tudo o que quisermos. Seremos livres, ser não nos prendermos a estereótipos, aos bens materiais, psicologicamente a ninguém e tivermos consciência de que somos merecedores de respeito por parte dos demais. Seremos tristes se assim nos permitirmos ser. Seremos egoístas se agimos mais pensando em nós do que no próximo e não respeitarmos as individualidades de cada um, impondo sempre as nossas regras. Seremos maus se optarmos por agir sem respeitar os demais. Mas, com absoluta certeza, seremos felizes se agirmos com respeito, compaixão, não fizermos aos outros o que não gostaríamos que fisessem a nós e se lutarmos contra os nossos defeitos.

O resto, as outras proibições, são apenas consequência da doença da ignorância de como viver e ser feliz.